Foto by Sunshine
Quem adora lendas?
Quem fica enfeitiçado a ouvir estórias de outras eras?
Quem fica maravilhado por visitar vilas histórias?
Quem adora o nosso país?
Euuuuuuu!!!!
Consta que, em tempos
que já lá vão, quando havia Fadas e Varinhas de Condão, vivia na Torre do
Castelo um Alcaide cuja esposa era muito virtuosa e respeitada pelos seus dotes
de magia - era Fada.
O casal tinha uma única filha, que no tempo das
guerras com os Mouros, se apaixonou por um Príncipe Mouro que estava chefiando o
cerco a Sortelha há muitos meses.
Foi um amor que nasceu e cresceu apenas
por olhares, gestos, sinais e mensagens.
O seu desejo de se encontrarem
físicamente era enorme, mas enorme era também a barreira que os separava - a
religião e a guerra.
Mas uma noite, deu-se a coincidência de ficarem de
sentinela à Porta da Torre, à Porta do Castelo e à Porta da Traição três
soldados da confiança da Menina que conheciam a sua paixão e o seu amor
impossível.
Pelas duas horas da
madrugada, quando tudo dormia, os soldados não foram traidores, porque não
permitiram que entrasse mais ninguém, mas autorizaram a entrada do Príncipe
desarmado e a saída da Torre, à Menina.
Para não serem vistos, ele subia
ansioso a encosta pedregosa do Castelo e ela descia apaixonada e
silenciosamente.
Mas a sua Mãe, que, como disse, era Fada, teve um
pressentimento que sua filha se tinha levantado e iria fugir com um rapaz
considerado inimigo e infiel, quando, afinal, o sonho do Casal era casarem-na
com o valeroso e cristão filho do Alcaide do Sabugal, ali tão próximo, no Reino
de Leão, com o qual haveria todo o interesse em estabelecer bons laços de
vizinhança. Levantou-se com jeitinho da cama para o marido, o Alcaide, não
acordar e não originar grande alvoroço e escândalo.
Pensava até que a um
brado da mãe, a filha, que, até então, se tinha mostrado tão religiosa, casta e
obediente, caisse em si e se arrependesse da insensatez que ia
praticar.
Quando a Fada se assumou no alto da muralha, viu que já se
estavam beijando.
Ficou tão chocada que num gesto precipitado, fez acionar a
sua varinha de condão e ninguém mais voltou a ver a filha do Alcaide e o
Príncipe. Nesse lugar onde eles estavam, ficaram apenas dois penedos beijando-se
numa posição a que o povo chama de Beijo Eterno.
A Moirama, com o
desaparecimento misterioso do seu chefe, retirou-se e o Alcaide de Sortelha,
desgostoso e sem descendência renunciou ao cargo e com alguns que o quiseram
seguir e deixar a guerra foi amanhar as boas terras de cultivo que possuia no
fundo do vale, onde fundou uma povoação chamada Casteleiro.
Se a Lenda é
verdadeira ou falsa não sei. O que sei é que estando no Corro, se olhar para a
encosta do Castelo, lá vê os dois amantes transformados em penedos a beijarem-se
eternamente.