Ser mãe é uma dádiva. Um lugar comum, dirão... mas quando se tem a oportunidade/privilégio de vivenciar esse estado de graça, sentimo-nos um ser divino! Sou mãe desde há 4 anos e a relação com o meu filho começou muito antes dele nascer. E ao longo da gravidez, essa relação foi crescendo, tornando-se mais forte, mais sólida, até ao nascimento dele, em que vê-lo e tê-lo nos meus braços pela primeira vez mudou para sempre a minha vida, relativizou problemas, redimensionou contextos, redesenhou perspectivas de futuro.Confesso que tive saudades de tê-lo só para mim, no meu ventre, senti-lo a mover-se, fazer festas na barriga, ter uma relação tão próxima. Precisamente porque sabia que a partir de então tudo seria diferente. Ser mãe é dar, dar muito, e também é criar... principalmente, criar raizes sólidas, boas estruturas de base, para que no futuro os nossos filhos tenham asas, e com elas possam sair do "ninho" e ver novos horizontes. Porque os nossos filhos não são nossos, são do mundo!
O respeito por nós próprios é um direito e um dever. Respeitarmo-nos para sermos respeitados, valorizarmo-nos para sermos valorizados. É com este pressuposto, que a assertividade é uma capacidade/competência a ser desenvolvida. Podermos expressar as nossas convicções livremente, em respeito a nós e aos outros. Temos de ser capazes de escutar o outro, ouvir aquilo que tem para dizer, mesmo que discordemos da sua opinião. Temos de ser capazes de expressar a nossa opinião, falar daquilo em que acreditamos, aquilo que nos move, mesmo que para os outros não faça qualquer sentido. E vamos ser bem interpretados? Talvez não. E vamos ser injustiçados? Talvez sim. Ninguém disse que o caminho era fácil, porque até para aprendermos a andar, temos de cair muitas vezes. Mas com uma base sólida, um porto seguro que nos acolhe - a nossa família - seremos concerteza capazes de ultrapassar essas situações. Como diz o poeta "Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo".
O amor é um verdadeiro catalizador de boas energias. Revela o que em nós há de melhor, aproxima-nos dos outros, faz-nos enfrentar desafios, mesmo aqueles que achamos não ser mesmo capazes de ultrapassar, e assim experienciar, saborear e viver a vida. Por mais que, enquanto pais, expliquemos aos nossos filhos como a vida é, e como às vezes, pode ser dificil, eles só o entenderão verdadeiramente vivendo-a. E vivendo-a sem pressas, sem saltar etapas, tudo a seu tempo, porque o nosso tempo interior, do amadurecimento, do crescimento e aperfeiçoamento enquanto pessoas e adultos, não é o tempo dos relógios.
Enquanto pais, quereremos obviamente o melhor para os nossos filhos. Queremos que cresçam com valores, que se respeitem a si e aos outros, que façam escolhas responsáveis, que possam seguir um caminho que os faça felizes. E poder olhar para um filho, e apreciá-lo enquanto adulto com essas mesmas características, só reforça o nosso papel de pais e mostra-nos o quão valioso foi o nosso trabalho de educadores. É natural que ao seguirem o seu caminho, ao partirem para construir a sua própria história, nos deixem a nós, pais, com o sindrome do "ninho vazio", mas o orgulho que vamos sentir e o amor incondicional que continuamos a sentir, ajudar-nos-á a superar esse momento.
Nov.2010